quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O GALETO PRENSADO

Isto antes de ser uma receita é uma verdadeira obra de engenharia. O prato é inspirado no tradicionalíssimo frango-prensado do Don Nicolla em Porto Alegre/RS, mas perfeitamente adequado às condições de qualquer apartamento, e a urgência de um prato bastante consistente, e que nunca deixou de receber elogios. Consiste, em primeiro lugar na utilização de um galeto (existente nos Super-mercados das Capitais) em substituição ao frango, para reduzir as dimensões do problema, e para permitir utilizar um grill elétrico (Tipo George Foremann, ou similar, desde que tenha grill na tampa para prensar). Se não encontrar galeto, selecione codornas grandes, ou mesmo pequenos frangos. Pois bem..., iniciemos o prato descongelando o galeto no micro-ondas, ou de qualquer outra forma, e após abrimos o dito pela frente, cortando com uma tesoura de cozinha, ou faca, o seu peito e ossos correspondentes. Após cortar, abra-o para os lados sobre as asas, como se fosse um casaco. Tempere com alho esmagado, sal e um pouco de pimenta preta em pó, passando-os pelos dois lados. Para quem gosta, pode ser generoso com o alho, pois fica mais saboroso. De qualquer forma, pré-aqueça o grill, e tenha a certeza de que o galeto ou frango cabe na sua área de grelhado. Um galeto cabe com perfeição, mas se estiver usando coisa maior, corte as partes que sobram, e as coloque sobre o pedaço principal. Coloque-o dentro do grill, e feche a tampa, comprimindo-a de tal forma a prensar suavemente o galeto (a eficiência desta ação é facilmente notada pelo ruído de fritura, e por algum vapor que se desprende). É conveniente para os aromas e a limpeza, localizar o grill sobre o fogão, abaixo de uma coifa exaustora em funcionamento. Mas se não tiver, tudo bem. E como você não vai ficar prensando o galeto o tempo todo, aqui vai a engenharia que comentei no início: coloque sobre a tampa do grill uns 4 sacos de 500gr (peso normal de sacos de grãos ou farinhas) de qualquer produto, e se puder, mais uma pequena chaleira com água fria, ou garrafa pet, para fazer a pressão de uns 4Kg sobre a tampa permanentemente. Mas cuidado, siga esta ordem nos fatores, ou seja, os sacos distribuem bem o seu peso e volume sobre qualquer superfície, assim como podem produzir uma base horizontal e estável para a chaleira, ou outro objeto. E desta forma a torre não terá perigo de cair - veja a foto. Após uns 15 minutos, desmonte a prensagem e vire o galeto (a maioria dos grills não produzem o mesmo calor na base e tampa). Arme tudo de novo e deixe mais uns 15 minutos. Pronto! Verifique se está no ponto, sirva no prato, na porção de um galeto por pessoa, acompanhado de alguma salada, e bom apetite. É como se você estivesse no velho Don Nicolla, das manhãs de domingo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

UM CLÁSSICO - O PUDIM DE LEITE

Tudo muito fácil, mas em se tratando de doces, todo o cuidado é pouco. Deve-se dar o tratamento como a uma fórmula química, tudo muito justo, e nada de improvisações. 1 lata de doce de leite, 2 medidas (iguais à lata do doce de leite) de leite integral, 3 ovos, 1 colherinha de chá de açucar de baunilha, e outra de Maizena. Estes dois últimos ingredientes são para o pudim ficar genial, mas não são indispensáveis. Se não conseguir, não faz mal. Coloque tudo no liquidificador, e deixe misturar por uns 5 minutos, formando um creme. Reserve. Consiga uma forma para pudim ou bolo, que tem um furo no meio (do pudim, e não da forma). Coloque uma xícara de açúcar refinado na forma, e coloque-a no fogo até o açúcar derreter. Após, com a ajuda de uma colher, e virando a forma com cuidado para não se queimar, faça com que o açúcar derretido se espalhe por toda a forma, tanto nas laterais como no centro. Após, coloque todo o creme na forma. Consiga uma panela rasa, ou uma outra forma mais baixa, com água, e coloque a forma do pudim dentro dela. Isto é o que se chama de "Banho Maria", onde o pudim será cozido. Proteja o pudim, colocando uma tampa na forma, ou um filme de alumínio, para cozinhar sem queimar. OK, está tudo armado. Agora coloque tudo no forno, e deixe cozinhando por uns 40 minutos. Após verifique a consistência do cozido com um palito. Se espetando o palito no pudim ele ficar molhado, ou quando você mexer nele, ainda parecer muito líquido, volte a colocar no forno por mais uns 30 minutos sem a tampa. Volte a verificar, e repita a última operação, se necessário. Este tempo de cozimento dependerá muito do seu forno, e se ele for muito fraco, isto pode se prolongar até por cerca de 2hs. Você é quem deve definir o tempo até atingir uma consistência um pouco mais firme, e não líquida. Após, retire do forno, deixe esfriar, e coloque o pudim, ainda na forma, no refrigerador. Deixe resfriar bem (o ideal é deixar ali de um dia para o outro). Após desforme com cuidado, verificando com uma faca (delicadamente) ele estar meio descolado das paredes da forma, coloque um prato emborcado sobre ela, e vire tudo rapidamente. Retire a forma, levantando com cuidado, e aprecie a beleza deste verdadeiro clássico da culinária. Espalhe o restante da calda de açucar sobre o pudim, e bom apetite!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O CAFÉ - ÁRABE, TURCO, OU "DE CHALEIRA" MESMO

Deixo aqui uma receitinha básica de café preto que se pode fazer sem coador, na própria xícara, muito simples e eficiente. Chamam de "café árabe", mas por aqui conhecemos como "café de chaleira", ou também "café de preguiçoso", talvez pela sua simplicidade ou rusticidade, muito usado em acampamentos, ou em situações de extrema precariedade de recursos, sem coadores, ou outras tralhas. Mas excelente! A receita é para uma xícara, ou caneca pequena, de uns 250ml. Coloca-se esta quantidade de água no fogo, até que inicie a "chiar" (cerca de 80°C). Não deixe ferver, pois pode queimar o café (este é um segredinho conhecido na maioria das infusões, como o chá, mas pouco observado). Enquanto isso, coloque na xícara, cerca de 2 colheres de sopa (cheias) de pó de café. Junte (antes da água) o açúcar ou adoçante à gosto (lembre que 250ml não é pouco, é o equivalente a umas 3 xícaras de cafezinho). Prepare uma colher e um copo de água fria. Vire a xícara com a alça na sua direção. Coloque a água quente, e mexa bem. Aguarde alguns minutos para que o pó (agora hidratado) se adense no fundo da xícara. Perceba que muito do pó, ficou na superfície, junto ou preso na espuma do café. Bem aqui vai um esclarecimento: O pó do grão de café adensou no fundo da xícara, e o que flutua geralmente é pó da casca, ou de algumas outras impurezas do grão. Agora o momento delicado: Com a colher, sem mexer muito na mistura, vá recolhendo este pó e a espuma da superficie, e lavando a colher no copo de água, até não restarem resíduos flutuantes. A alça virada para si, tem o objetivo de concentrar perto dela algum pó que ficou na borda da xícara enquanto voce limpava a superfície (porque ali dificilmente se colocarão os lábios). Ok, está pronto. Saboreie o café calmamente, pois raramente você vai ser incomodado com algum resíduo. Quando estiver perto do final, cuidado, pois o pó está no fundo. Ao lavar a xícara, após sorver o café, deixe o pó ir para o ralo da pia, pois como ele é bastante ácido, ajuda a remover a gordura das canalizações.
Um detalhe cultural interessante: Nos acampamentos com fogo de chão costuma-se fazer o café em uma panelinha, e usar o "tição", que vem a ser um pedaço de lenha com a ponta em brasa, da seguinte forma: para limpar a superfície, coloca-se o tição após ter adicionado a água, pois a brasa, em contato com a mistura, agrega junto a ela quase todo o resíduo flutuante.